Um dia simplesmente acordamos e nos damos conta de quantos erros cometemos ao longo do caminho. Percebemos que o tempo passou e perdemos muitas boas oportunidades. Damos uma encarada no nosso passado e não gostamos muito do que vemos e, em seguida, analisamos o nosso presente e nos deparamos com o fruto desse passado mal administrado, então tentamos nos projetar para o futuro, mas ele parece tão distante e as vezes até irreal. Então um súbito sentimento de arrependimento nos assola e um desejo ardente de voltar no tempo e fazer tudo diferente infecta nossas mentes, mas sabemos que isso não vai acontecer. De repente a única coisa boa a se fazer é encontrar um canto solitário e chorar.
Enquanto as lágrimas descem pelo rosto e formam poças no chão a mente procura uma solução e, por um momento, pensamos em Deus. Nem sempre adamos como Ele nos ensinou a andar; nem sempre fomos aquilo que Ele queria que fôssemos; tão pouco demos a Ele a atenção que Ele merecia, mas agora, quase afogados em lágrimas, só Ele vem à nossa memória para pedir ajuda. Vem ao coração aquele sentimento de hipocrisia por só recorrermos a Ele em tempos de crises. Uma certa vergonha por parecermos verdadeiros interesseiros, mas quando esse conflito interno tenta nos impedir de buscar a santa face de Senhor, uma palavra ecoa em nossa mente como se alguém nos fizesse lembrar dela. Uma palavra que o próprio Deus disse e inspirou seus servos para relatarem em suas Sagradas Escrituras. Em nossa mente Ele sussurra: "Os sãos não precisam de mim. Eu vim para os falhos"(Mc 2. 17).
Reunimos nossas forças e nos derramamos diante dos pés do Altíssimo. Enquanto o mundo desmorona ao nosso redor nos concentramos apenas em Cristo. Nada mais importa a não ser dar um belo mergulho na sua paz, na sua graça e no seu amor. A resposta do Espírito Santo é imediata nos enchendo e fazendo-nos sentir parte da família celestial. Os problemas ainda estão lá, a nossa realidade ainda não mudou, mas uma esperança como o mundo não pode oferecer nos invade e em meio as lágrimas surge um sorriso. Nos sentimos próximos do autor da vida e agradecemos por isso. Nesse instante um pensamento um tanto louco vem à nossa mente: Será que estaríamos tendo esse momento tão lindo e tão íntimo com Deus se tudo estivesse bem em nossa vida?
Não sabemos ao certo a resposta para essa pergunta, mas uma coisa é certa: Existe algo que nos cerca e não percebemos durante a maior parte de nossas vidas. Algo muito maior do que imaginamos. Um sentimento que não se afasta de nós ainda que nos afastemos dele e, ainda que estejamos sujos pelo pecado e embrenhados em um jardim de espinhos que nós mesmo plantamos ele nos envolve fazendo de nós alvos dos desejos de Deus: É o inexplicável amor de Deus.
Quando uma confusão te envolver e um conflito de proporções arrasadoras invadir a sua mente lembre-se: Ele te ama como ninguém pode te amar e é só isso que importa.
Que Deus abençoe a todos.
Rodrigo Figueiredo
Presbítero da Assembleia de Deus em Campo Grande - RJ
